Eu acordei em um quarto todo bagunçado.
Havia coisas pelo chão, na cama onde eu estava deitada, as portas do guarda roupa estavam abertas, e tudo dentro revirado, havia alguém lá, a mesma pessoa que arrumou toda aquela bagunça da ultima vez, ela me pedia para que lhe desse algo, mas eu não conseguia, sabia que o mais sensato seria dar, mais o mais dolorido também, então preferia manter comigo, se me desprendesse daquilo entraria em um mundo totalmente desconhecido - isso me causava desconforto - não saber qual seria o próximo passo.
Não foi uma, nem duas vezes que esta pessoa arrumou toda minha bagunça, nem foi uma, nem duas vezes que eu baguncei tudo de novo, eu sempre faço isso, ele arruma e aparentemente tudo fica limpo, claro, eu respiro aliviada, em paz, mas depois, de um curto período, eu bagunço tudo, mudo as coisas acreditando saber o lugar certo delas ficarem.
Me dá vontade de tirar tudo que há neste quarto, colocar do lado de fora, e fazer aquela faxina, mas os moveis e objetos se tornaram mais pesados de um tempo pra cá, ou eu me tornei mais fraca e não consigo movê-los, na verdade, ultimamente, a única pessoa que tem mudado é este alguém, mas são poucas as vezes que eu deixo com que ele entre, e ajeite tudo.
É sempre uma perca de tempo chamar ele para vir e arrumar tudo, nunca deixo da forma que ele quer, mesmo sendo torturante viver assim.
Tenho vontade também de deitar e não levantar, fechar os olhos e ignorar toda aquela bagunça, mas não dá,
quando mais se ignora, mais bagunça aparece.
(DMA)